12.5.10

No meu reino há várias moradas


Resolvi usar uma expressão bíblica para ilustrar um pensamento sobre o que deva ser a educação, no meu entender, em nossos dias: "No meu reino há várias moradas". A intenção não é cristianizar a educação, mas revelar as possibilidades que ela deve encerrar.
Aquela educação voltada exclusivamente às letras não é mais predominante por uma série de razões. Outras linguagens, por outro lado, têm sido bem vindas no ambiente escolar e ao invés de denunciarem uma heterodoxia indesejada, criam outras possibilidades para tentarmos dialogar com nossos clientes - quer sejam do Estado ou da iniciativa privada -os estudantes.
Não se trata de impingir "apenas aquilo que considero ser Escola", mas de estabelecer um diálogo mais amplo mediado por todas as possibilidades que a vida na pós-modernidade oferece: a televisão, a internet, os computadores, o videogame, o cinema, o rádio, as artes visuais, as relações interpessoais, etc.
A quantidade de informação, independente de sua "qualidade",  faz parte do mundo dos nossos jovens e não podemos ignorar esse fato no ambiente escolar. A Escola deve ser esse espaço aberto ao diálogo entre o que seus professores e seus estudantes têm, a bagagem da vida, as visões de mundo, as experiências. Ou nega-se o fato de que aprendemos com nossos alunos, que eles não têm nada a nos ensinar?
Aprendi tanto no convívio com minha querida orientadora Luíza, naquele olhar cheio de amor ao conhecimento que todos carregam consigo, naquele amor plural, cheio de interesse pelo outro ( e isso pra mim é Ciência); como na ânsia daquelas crianças que me surpreendem a cada dia, que às vezes são perurbadoras, que me desestabilizam, me irritam, me alegram, me surpreendem, revelam minha incapacidade de lidar com os seres humanos, de entender a adolescência. São os meus desafios diários. Isso é estar vivo na educação: em constante desequilíbrio dialético.